quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Seguir sorrindo

Olha só, hoje o dia está tranquilo. Sabe o que é, troquei minha “lente” para ver o mundo. O mesmo mundo que antes estava um tanto borrado, turvo, devido aos pensamentos que focalizavam você e apenas você. Hoje, enxerguei melhor. Enxerguei os rostos. Vi pessoas em suas diversidades: loiras, morenas, altas, magras, baixas, brancas, negras, sorrindo, tristes, pensantes, sonolentas... Observei atenta a tudo como uma criança descobrindo o mundo. E, por mais que nos últimos meses eu tenha feito o mesmo trajeto sempre – um hábito instaurado no cotidiano do meu dia; as coisas estavam diferentes. Arrisco até dizer que muitas das coisas/pessoas que vi, eu não havia reparado antes. Olhei e não apenas olhei, enxerguei-as. E, outras delas, mais próximas, eu me permiti sentir: o cheiro, o hálito, o calor ao toque, o som das vozes. Sorri para todas. E o curioso: mesmo sem esperar um sorriso em troca, eles sorriram pra mim. A realidade é uma possibilidade em que insistimos encarar como a única possibilidade. Aí, quando o caos se instala, não permanece, não é contínuo. Então a gente, depois do sufoco, percebe que existem outras possibilidades. E a que ficou pra trás era apenas uma. O sofrer deixa algo tatuado em nós (e não é dor): é aprendizado. Pra mim, o sofrer é um convite para devir. Hoje, sou eu me permitindo ser. Aos pouquinhos, claro. Não vou me jogar no mundo! Mas vejo que, por tudo que disse, esse é o meu “eu” se instaurando novamente, absorvendo amores, sorrisos, alegrias, respirando pessoas e seu leque de sentidos. Sou eu me fortalecendo. Eu sou assim: vem a dor, me abalo e caio. Custa um tempo até elaborar todo desconforto e conseguir pensar direito, sem aquele emaranhado de dizeres não ditos, ou sentimentos não respeitados ainda a flor da pele, querendo se manifestar. Respiro fundo, levanto, e caminho. Caminho porque acredito no amor. Passou o que teve que passar, e não sei o que virá. Caminho sem lugar fixo, sem alguém visível, ainda, pra dizer: eu caminho na tua direção. Mas, espalho o amor que me resta pra quem quiser se apossar. E quem sabe me amar também. Amigo, amante, pais, irmãos, cachorros. Amar, mesmo. Não importa quem, nem por que, nem aonde. Amar é pra sentir, não pra deixar afogar. Não é pra deixar guardado. Amor deve circular. E pra isso, basta sorrir, mesmo na tristeza. Sorrir é uma forma de amar.

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