terça-feira, 30 de outubro de 2012

Rolar

Acordei. Depois de uma noite mal dormida, tudo que eu não queria era acordar. Estava estranha. Dolorida fisicamente como se estivesse participado de uma briga braçal e eu teria perdido, obviamente. Não vou ser exagerada e dizer que foi um piano que caiu por cima de mim. Mas qualquer vendaval, seria pouco. Começo a pensar que essa dor não é de ontem. Já tem dias. Dor acumulada pode existir? Mas acumular não seria o mesmo que a soma de várias dores semelhantes? Não me lembro de ter sentido tanta dor assim. Em resumo, eu acho que era cansaço, desses do tipo bem exaustivo. Aí sim tem sentido, pois esse pode ser cumulativo. Voltei a dormir.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Sentido


Somos vidas paralelas que se sobrepõem até o dia de tornarem-se uma só. Eu encolho quando não estás bem. Minimizo-me em mim, falando apenas o que convém responder, pois não há palavras para serem compartilhadas quando não há o que dizer. Através de pequenos gestos que eu percebo minha vida ímpar retratada em sonhos que eu não apenas esboço, mas também procuro torná-los, de fato, reais e palpáveis. De abstrato já basta o amor que cresce conforme o coração escolhe. Mas quando disseste para eu continuar com meus planos paralelos, excluindo-te do meu possível caminho, todo meu otimismo despencou. Talvez eu sonhe alto demais. Talvez teu pé no realismo seja mais firme que o meu. Sinceramente não sei. Mas conto com os dias após esse, ao teu lado, para me responderem essa e tantas outras coisas que me envolvem a mente e não me deixam raciocinar quando estou ao teu lado. Só acho que nosso final poderia ser melhor que isso. Não é questão de criar expectativas (frustrantes), mas viver a possibilidades.

“As palavras foram escoadas deste lápis
Doces palavras que eu quero te dar
E eu não consigo dormir, eu preciso lhe falar... boa noite”.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Complexidade

Antigamente me parecia ser mais fácil falar. Colocar qualquer meia dúzia de palavras em um papel e conseguir expressar um mísero terço do que se pretende dizer. Já era algo. Essa agitação toda dos últimos dias trouxe tantas coisas. Significou a ficha caindo para um novo começo; que pessoas as quais eu mantinha um laço mais forte antes, hoje se limitam pela distância a me oferecer um abraço; que as coisas caminham, se desenrola e normalmente atingem o seu ponto máximo. De certa forma alcançam um ponto final, mas, ao mesmo tempo, inicia-se um novo enredo. Pra mim, nesse tempo de finais e começos, descobri muita coisa. A principal delas: a ingenuidade de alguém o torna cego e não o deixa enxergar o que está bem a sua frente. Você esteva aqui, tão perto, esse tempo todo. Compartilhou diversas coisas. Mostrou-me sinais tão óbvios. (Agora). E eu, cega na minha inocência de não aceitar que isso pudesse estar vindo de você, não me permiti enxergar. Então, você pintou em mim o que há de melhor em ti. Arranjou um jeito de me fisgar e me fazer enxergar que nós somos possíveis. Eu nada sei sobre o amor. Claro: aprendi que dói. Só quem amou sabe o quanto dói. Às vezes somos obrigados a fazer algo que não queremos, ou que não sabemos nem por onde começar, nem ao menos se é possível: esquecer. O chão cai, teu ânimo está trancafiado junto com tuas lembranças em algum lugar. E a gente nem acredita que o dia de levantar e seguir em frente exista. Mas, toda dor tem um lado colorido. Verdade: nem toda dor é escura. E foi desta nuvem escura a qual tu, meu novo “eu”, passavas, e da minha dor acinzentada buscando um tom qualquer, onde encontramos forças. Aprendemos, juntos, a encarar os próximos dias como se fossem todos de sol. Você surgiu em mim, revivendo-me e revivendo-se. E hoje somos nós em nó.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Agitação


Não me libertes se não conseguires me permitir a ser. Seja assim, espontâneo. Seja impulsivo e imperativo. Sentimentalista, talvez. Um pouco instável, mas completamente inquieto na busca pela plenitude dos sentimentos. Estes despertados, novamente. Agora, por você. Percebes? Meus dias giram rotineiros, mas com o acréscimo do teu mundo fazendo parte deles. Sem sair do lugar, te obtive. Pertenço-te sem pertencer. Pois me entrego e me deixo em tuas mãos sem medo pelo tempo em que estamos juntos. Mas, quando parto, embora pouco de mim continue junto a ti, minha outra metade segue em virtude de o tempo não parar pra nós dois. A vida continua.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Inabalável


Como dois amantes, trilhamos caminhos bifurcados. O nosso e o além. Sob sonetos, tento detalhar o que não consigo expressar, essas inúmeras sensações que abrigo aqui dentro. Entendo que estamos vivenciando dias de glória e que nosso diálogo intensifica essa intimidade. Mas a distância, às vezes, faz-se necessária. Sem interferências, talvez consiga pensar ao natural... Embora meu pensamento voe para além das barreiras permitidas, ainda acho válido esse tempo. Longe. Se ainda restarem arestas emocionais para aparar, vou deixá-las de molho e atender o que estiver em bom andamento. Sugiro o mesmo a você.

domingo, 17 de junho de 2012

Sintonia


Esse silêncio melindroso que às vezes ecoa entre nós e que de início me angustiava, agora não me assombra mais. Talvez pelos momentos que ficamos juntos – que eu adoraria que fossem incessantes, nos permitiu revelar diversos dos pensamentos, crises de existência e, por que não, insanidades que residiram um tempo de nossa vida que não nos conhecíamos. Essa conexão firmou-se tão enérgica que, até mesmo nesse silêncio, nossos olhares quando se cruzam conseguem transmitir o que está lá, no fundo da alma, nitidamente. Eu sei o que se passa aí dentro. Ao menos imagino saber. E acredito que saibas o que habita em mim. Meu doce âmago. Pra você eu falo coisas em alto e bom som que ninguém antes ouviu. Espontaneamente. Sem doer, nem em mim, nem a ti que me ouve. Mas eu confesso meu medo. Essa aproximação toda, assim, rápida demais, violenta, assusta muito. Não é “sumir” o que eu faço quando digo “até mais”. Só restrinjo a não nos permitir a ir um pouco mais além. Esse desconserto todo que nos domina quando estamos a sós fala alto demais. Não sei, exatamente, o que tu és capaz de cultivar em mim e vice-versa, mas sei que pode ser grande e intenso, o que já está sendo. Então, penso que precisamos de uma pausa pra respirar fora desse vício que tudo isso se tornou em nós. Também não é fuga por medo. É tentar ser o menos inconseqüente e mais realista. Tenho meus pés no chão sobre nós. E tu reforças isso toda vez que dizes que não terás continuidade. Seja por querer, o que eu sei: não é o nosso caso. E que, possivelmente será pela vida.

sábado, 9 de junho de 2012

Aprendizado passado

06 de agosto de 2010
“Desde que eu não tenho você”, talvez essa seja a tua condição para o que disseste anteriormente: desde que tu não me tenhas, tudo será mais fácil para que não existam conflitos entre tu e teu coração. Ora, eu não sou nenhum empecilho! Não sou a pedra do teu sapato, teu incomodo em pessoa. Talvez eu tenha me perdido em meio há tanto tempo, tantas mudanças, e talvez eu não tenha conseguido acompanhar teu ritmo tão precoce. Ou então, quem esteve perdida esse tempo todo foi você. Mas, quem sou eu pra dizer o que é certo ou errado?! Eu apenas descobri como aceitar a diferença ao quebrar a minha cara na pior das quedas, magoando profundamente aqueles que me amavam. Uma mágoa que não pode ser apagada jamais, tampouco esquecida. Que permanece em meu peito dolorosamente. Eu errei, errei, errei, e foi errando que aprendi. Mas para aprender, eu também magoei, decepcionei, perdi. Suportei do jeito que pude, com as forças mínimas que me restavam, porque um pingo de esperança ainda vivia em mim pra que eu pudesse provar a eles que, do jeito que eu fosse, eu poderia ser o seu orgulho, a sua alegria, a sua recompensa. Essas são as “merdas da minha vida”, que tu me jogaste na cara certo dia desses. Tu já me perguntaste alguma vez qual o meu maior arrependimento? Bom. Se não sabes a resposta frente a tudo isso que te disse é porque não me conheces mesmo. Eu te permito caminhar do jeito que quiseres. Permito-te aceitar o desafio que quiseres enfrentar, da maneira como tiver que enfrentar, machucando quem quiser ou precisar machucar. Só não te transformes no monstro que eu fui um dia e permaneça pra sempre com ele intrínseco em ti. Isso não é nenhum pouco essencial para tua existência. A minha mágoa não é por ter escolhido tal caminho, mas como o conduz. Quero que entendas que terás responsabilidades amanhã ou depois, e aos olhos dos outros nem tudo é aceitável. Quero que entenda que às vezes a maneira como almejamos algo, é necessário paciência pra ser concretizada com sucesso, caso contrário, colocamos tudo a perder. Quero que saibas que nunca estarás sozinha por um segundo que seja, que eu te solto a mão agora pra voar pra onde quiseres, mas te pego no colo se caíres. Um dia entenderás tudo que disse aqui, vai olhar pro teu passado e perceber que tudo o que eu queria era te estender a mão e não bater na tua cara. Apenas saiba que eu te amo.

sábado, 2 de junho de 2012

Capítulos

Às vezes a vida sorri pra gente quando menos esperamos. E, se você observar bem, nos mínimos detalhes está os culpados por seu sorriso. Pode ser por uma palavra amiga na hora certa, um abraço inesperado, um perfume gostoso, que você não sabe quem está usando, entrando por suas narinas e, inexplicavelmente, te faz sentir prazer. O vento, que você não enxerga, mas quando bate em seu rosto você sabe que ele está lá, frio, gostoso. A música soando aos seus ouvidos, tão delicada quanto veludo. Aí vem a dor. A hora triste da vida. Porque a vida não é triste por completa, mas possui algumas horas. Você caminha por uma rua escura e fria. Não parece terminar. Você não tem com o que se aquecer, apenas o correr do sangue em suas veias que parece lento. Lento, assim como seus passos. Não há beleza nas flores, nem mais você sente se o vento está frio ou úmido. Você grita um som silencioso pedindo para se apossar de uma alma qualquer além da sua, para que a sua não se sinta tão sozinha. Tão vazia. É aquela parte. Aquele capítulo macabro que temos que passar. E você se faz as mesmas perguntas (sempre). “Por quê?”; “Quando vai acabar?”; “Será que irei sobreviver?”. E depois ele se vai, depois do tempo. Sua segunda chance de recomeçar. (...) O fluxo tão forte faz o pulsar ainda mais. Seu corpo aquece gradativamete. Suas mãos suadas, trêmulas. Instintivamente o ar entra em seus pulmões, em sua ofegante respiração. Parecia tensa. Incomodada. Não queira falar, tampouco estar ali. Inventava qualquer desculpa para sair dali, dizendo frases sem sentidos, desengasgando coisas quaisquer para, apenas, escapar daquele sofrimento. Daquela dor. Ou melhor: escapar do motivo que a fazia sofrer. E encerro com um trecho de "Angel", Sarah McLachlan: “Gaste todo o seu tempo esperando por aquela segunda chance, por uma mudança que resolveria tudo. Sempre há um motivo para não se sentir bom o bastante e é difícil no fim do dia. Eu preciso de alguma distração. Oh, perfeita liberação. A lembrança vaza de minhas veias... Deixe-me vazia e sem peso. E talvez eu encontre alguma paz esta noite”.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Revivendo

Revendo e relendo postagens antigas, penso que algumas delas ainda permancem vivas em meu cotidiano. Esta escrevi em dezembro de 2009, e tal ilustração traduz o meu agora.

"Meu pulsar (quase) enferrujado Sinto meu coração enferrujado. Ás vezes parece ter conserto. Mas às vezes não. Ou melhor, a maior parte das vezes. Penso, porém, que talvez seja apenas uma questão de... tempo. Mas e se esse tempo pra mim for curto demais? A espera não seria suficiente. Talvez eu seja exigente demais. Ou orgulhosa. Depende pra quem. Depende por quem. Um coração que bate é um coração que funciona. Mesmo que em meio a inúmeros machucados, alguns ainda a sangrar. Eu gosto de me sentir assim. Sentir que amanhã ou depois haverá alguém que me roube o sorriso e me dê em troca uma gargalhada. Entretanto, isso às vezes cansa. O meu querer é imediato. Tenho medo, pois, de estar dando tempo demais ao tempo e me transformando em um ser difícil de querer por perto. Não consigo já não deixar transparecer. Eu escolho as melhores palavras pra tudo, mas o brilho fraco em meus olhos parece me entregar: há algo faltando em mim. Meu coração precisa mudar o ritmo. Não quero que se acostume assim. Está lento demais. Calmo demais. Gosto de sentir suas batidas pulsarem dentro do peito, como se fossem inflar e explodir. Gosto, ainda mais, das batidas que parecem fazer ele subir à garganta e querer sair boca a fora. Gosto de entregar a alguém, sem medo de me devolverem. Se não conseguir fazê-lo funcionar como deveria, aí então ele estará enferrujado demais para ser consertado".

sábado, 14 de abril de 2012


Eu dormia e sonhava com coisas irreais. Não sabia o que significavam, mas tentava captar o máximo de informação desses sonhos pra conseguir converter em algo concreto, com alguma familiaridade, pra que eu pudesse entender por que, exatamente, eles estavam me atormentando. Dias difíceis vieram. Dias aos quais fazia exatos quatro anos e cinco meses que eu havia sentido, enfrentado e, arrisco dizer, superados. Foram anos de dor e amadurecimento, concomitantes. E o maior aprendizado: ao reconhecer que o sofrimento é comum e unânime entre os seres humanos, não significa que seja desejável sofrer. Entendi, sobretudo, que pedaços extraídos de uma realidade são recortes da totalidade, submetidos a diversos contextos, valores, crenças, comportamentos e situações para se tornarem mais uma alternativa de opinião. Verdade ou não, alguns acreditam nisso. E agora retomo ao mais clichê dos pensamentos: o tempo é o melhor remédio.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Conversar


Irradiava-se, em plena distância, a indecisão de certo alguém cujo outro tentava limitadamente proporcionar qualquer conforto. Ambos sofriam, por desejos distintos, mas, entrelinhas, era possível enxergar a que tom falavam:
(...)
Alguém disse: - Acontece é que tu estás lembrando-se deste alguém de modo negativo; como alguém que errou contigo. Mas, pra ti foram erros, e para o outro/a? Será que em sua convicção isso tudo que ela/e fez foi tão errado assim? Envolve muito o subjetivo, as singularidades, as particularidades de sentir, individuais. E é isso que a gente deve levar em consideração pra perdoar alguém. Eu perdoei aquela/e que um dia me feriu. Não existe remorso em mim ou o cultivo de coisas ruins aqui dentro. Como disse, lembro do que me fez bem. E apenas isso. E não porque foi ela/e, mas pelo momento, pelos detalhes, pelo contexto. Pelo que EU senti.
O interlocutor respondeu: - Eu não quero mudar esse sentimento de raiva. Eu não queria sentir raiva, mas também não queria ter saudades, nem lembranças. Queria apagar, entende? Não consigo desejar que ela/e seja feliz. Sei que é errado, mas eu não consigo desejar isso a ela/e. É impossível. Às vezes parece que fica mais forte, dá um aperto. E o pior de tudo, é que achei que essa fase já tinha passado.
Alguém revidou: - Talvez, no fundo, tu a/o enxergues como o motivo principal de tu estares assim, sem paradeiro, "perdida/o" e confusa/o sobre o que realmente tu estás sentido. Mas isso que eu disse parece tão óbvio, e é de fato. Mas ao assumir isso, tu assumes também que tu estás culpando ela/e por tudo, não? Esquecer por completo, total, zerar tuas lembranças, tu sabes que é impossível. Mas, como eu disse, tu deves focalizá-las para os momentos que te fizeram bem. Momentos. Não a pessoa em si. É deles, dos momentos, que tu sentes falta.
O interlocutor retrucou: - Gostaria que fosse, mas estou começando a achar que não é.
Alguém, novamente, respondeu: - Então é por isso que tu não "aceita" quando ela/e volta, quando ela/e te procura? Tu evita, nega. Mas tu não estás negando ela/e, tu estás negando pra ti mesma/o que tu corres o risco de ter uma recaída
O interlocutor, de súbito, disse: - Ei, o que tu estás fazendo aqui dentro de mim? É! É exatamente isso.
Por fim, alguém respondeu: - Só estou te colocando em cheque, pra que sozinha/o tu chegue a uma conclusão. Conclusão é modo de dizer. Na verdade, é fazer com que tu enxergues o que, às vezes, não é visível. Talvez não seja nem enxergar, mas aceitar que tu és um ser humano também, que tu podes ter algumas recaídas, independente de quem for se valer a pena ou não, não te julgue errada/o por isso. Sentimento é irracional mesmo. Definas um norte frente ao que tu dizes para tentar definir o que realmente tu estás sentido. Agora o que tu vai fazer com relação a isso, só tu tem que decidir. Eu adoraria ter e te oferecer as respostas pra tudo, mais que isso, tirar toda essa inquietude que reside no teu coração. Mas (in) felizmente, sou só mais um ser humano. E encerro aqui nosso desfecho.
(...)
E encerrou-se assim. Fechou a conversa quase que explicitando o que estavas sentindo e que não foi, em nenhum momento, percebido.

domingo, 4 de março de 2012

Sensibilidade


Às vezes costumo conversar com quem gosto através de palavras escritas, virtuais e com um distanciamento sem medida. Isso pode ser perigoso, principalmente quando as pessoas envolvidas não se conhecem bem. Não há como prever tons, as expressões faciais são imperceptíveis e as intenções e sentimentos não são revelados, de fato. Isso acaba proporcionando certo estranhamento. Foge da lógica da interação, do convívio, da absorção dos detalhes alheios que, para qualquer relação de afetividade, fazem toda diferença. Não é possível perceber fragilidade, distinguir falas protetoras, o próprio sarcasmo. Mas, às vezes, sem explicação, consigo sentir a frieza. Talvez seja por isso que você tenha esta “preguiça” – como você mesma se referiu, e enxergue-a como o caminho que nos leva ao meio ideal de conversação. Em voz alta. Falar e ouvir, enquanto aliados. Nunca antes, qualquer um e até mesmo eu, havia pensado por este ângulo. Isso é sensibilidade. É valorizar coisas simples e sinceras do ser humano: os sentidos. Vejo que esta essência da simplicidade está presente em raras almas. Mas, destas raras, procuro me aproximar de todas e absorver o que há de melhor em cada uma. Dessa forma, acabo intensificando o meu melhor e dissemino todo esse rol de coisas boas para outras almas que precisam ser tocadas.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


Viver na exaustão, não faz bem. Mas, viver na monotonia é suicídio. É por isso que mantenho o equilíbrio e vivo na linha tênue entre ambos. Bem, não é como estar sob pressão ou tensionada a tomar alguma decisão concreta que definirá o resto dos meus dias. Mas é semelhante, pois, essa fase de transição que estou hoje está chegando ao ponto máximo. O frio na barriga intensifica a cada dia que passa e o dia “D” se aproxima. Seria isto fisiológico? Realmente, não sei. E faz pouca diferença saber, até porque voar para os males desconhecidos poderá ser interessante, também. Explosões com sensação de alívio também fazem parte deste corpo que vos fala. E, ainda que eu expresse, à minha maneira, todo esse emaranhado de coisas, gosto de reafirmar: eu sou apaixonada pelo viver; pelo sentir; pelo falar; expressar; por gostos; cheiros; aromas; sabores; qualquer coisa que aflore o que há de mais íntimo em mim. Todos nós vivemos em um mundo de dúvidas, mas quando pego tua mão, saibas que, de fato, quaisquer dúvidas são meros grãos de areia e eu só penso em dizer uma coisa: que prossiga.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Parece tão fora de moda sentir certas coisas. Hoje, ao ler algumas palavras repletas de vivacidade, percebo que eu não conseguiria esboçar a delicadeza de certas emoções em pequenas frases. Sou limitada ao que está bem à frente e em momentos raros enxergo além do que os meus olhos conseguem captar. Seria eu tão comum a este ponto? Embora saiba que não compartilho nenhum décimo do que se passa no meu interior. Talvez não seja tão simples como parece colocar no papel a magnitude do que é o “sentir”. Para alguns, o “sentir” parece ser tão pouco – carnal e físico. E, pra outros, tais como eu, expressa inúmeras coisas que vão além da própria subjetividade. Queria eu possuir a liberdade de expor o que sinto através de um grito audível a quilômetros, sem receio e a estranheza dos olhos alheios.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Tradicionalismo

Em tempos em que o coração é apenas um órgão vital que bate e a simbologia que o caracteriza como algo subjetivo, emocional e afetivo do ser não é mais tão fortemente envolvente, eu sinto que cresci e permaneço como alguém tradiconal, pra não citar arcaico. Acredito na paz interior e que os momentos de equilíbrio são como antídotos para quando nossa alma encontra-se agitada. Também, penso na superação a partir da reflexão constante de positividade. Gosto do casual, da naturalidade das coisas e, como de praxe, evito expectativas, pois, aliada a esta última, só existem duas coisas possíveis: ou decepção, ou superação. Prefiro ficar neutra, sem esperar o melhor nem o pior. Aí retomo o que disse anteriormente: acredido na naturalidade e no casual. Que estes se encarreguem de me mostrar o melhor da vida, enquanto continuo traçando este caminho que, pra mim, ainda está no começo, embora vinte anos já tenham se passado. E o que tem a ver meu coração com a casualidade, naturalidade? São indissociáveis. A não existência de expectativas, proporcionou-me o acaso. Logo, conheci pessoas entre as quais, uma se destacou. E, sem querer forçar nada, até mesmo por eu estar nesse processo de construção constante (mutável), a naturalidade se encarrega de esboçar nosso caminho.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Cheguei a casa com uma vontade tremenda de escrever. Ao menos tentar colocar no papel o turbilhão de sentimentos que se espalhavam por todo meu corpo. A despedida nunca foi o meu forte, confesso. Ainda, arrisco dizer que este seja um dos meus pontos fracos. Embora, se realmente fosse, jamais eu admitiria. Despedir-se de alguém especial, marcante, interessante e indispensável. E enquanto “até logo”, ela ainda é gostosa de ser sentida. Mas, quando é caracterizada como um “sabe-se lá quando”, aí aperta. Além da despedida, tive um momento de superação, também. Cotidianamente, quando alguém próximo falava algo que incomodava, eu virava as costas e saia. O fiz ontem. Seis passos afastados e então parei, respirei fundo e voltei. Talvez não tenha significância alguma pra ti, mas pra mim, que me esquivava destas situações, enfrentar com calmaria foi uma conquista. Sem tremer a voz, soube dizer as coisas que precisavam ser ditas. Outras eu deixei subentendidas. Sem forçar nada. É tudo tão simples quando estou com você. A vivacidade transparece em meus atos que irradiam desejos e quereres contaminando corações e mentes que está em meu redor. Está tudo tão claro pra mim, que se eu descobrisse ser um sonho, preferiria continuar a sonhar.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

E quando as lamúrias são alheias, ninguém quer dar ouvidos. De fato, poucos sabem conduzir suas palavras de maneira que contagie o outro com vivacidade e prazer. As pessoas contextualizam qualquer situação sob tom de julgamento. O ferido encolhe, se “auto-diminui” progressivamente. Não em função das palavras ditas na tentativa de amenizar o problema, ou incentivá-lo a enfrentar tal situação com coragem, mas porque a forma como elas, tais palavras, foram empregadas, contribuem para potencializar o sentimento de derrota, de perda, de dor. A dor do outro não é nada de tão grave. A nossa sempre se sobrepõe as demais. Mesmo em sã lucidez, não há como prever qualquer atitude, decisão, situação, movimento. O lugar é do outro. Não o nosso. Vários fatores influenciam na maneira de lidar com a perda, dor, derrota... Não há previsão. Mesmo assim, implica no emocional.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Quem diria que um dia partiríamos e deixaríamos pra trás aqueles que jamais pensássemos, um dia, conseguir viver sem. E, contradizendo-me afirmo: tão longo seria o tempo se não houvesse ninguém por perto pra passar por ele conosco. Ao mesmo tempo em que precisamos incondicionalmente de alguém para seguir em frente, é inevitável estar sozinho para decidir o rumo certo a seguir. Embora sejamos todos parcialmente influenciáveis e co-responsáveis por qualquer decisão, a palavra final para qualquer ato, qualquer sentença será sempre a nossa. Somos seres pensantes donos de uma única coisa no mundo: o próprio pensamento. Mas, embora o pensamento seja o que há de mais íntimo em mim, confesso: eu ainda me torturo ao procurar vestígios de um amor reprimido que há muito tempo se perdeu. Mas por ser algo bom de sentir, e que por ti jamais será. E, por mim, não voltará a ser (por ti). Então, mesmo que agora o que eu tenha seja um vazio enorme (...) neste “nosso” meio tempo, pude conhecer minha potencialidade sobre o ato de amar, mas, o simples fato de não ter a quem amar e a quem despejar este amor todo, torna-me impotente. Se bem que, vendo pelo outro “lado” da história, este aprendizado todo sobre amar, sentir, querer, proteger, desejar, será suficientemente importante pra quando chegar o meu alguém, eu saiba me doar por inteiro, saber ousar, sem expectativa alguma de que algo possa ser certo demais ou sair completamente errado. O novo “você” desta minha história toda, sabe bem sobre este processo de aprendizagem mútua que precisamos passar. Ressalto: o que eu quero enfatizar aqui não são os raros momentos de lembranças sobre um passado-recente e sim fomentar a idéia de que, gradativamente, eu me sinto racionalmente e sensitivamente maior/melhor. Em movimenta-ação. Por você.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Expectativas frustantes

Viver sem expectativas é uma dádiva. Expectativas de que algo dê certo, que seja tudo perfeito... Babaquice total.  Entendo que em um primeiro momento você, leitor, ache isso que digo um absurdo, pessimismo da minha parte. Mas, pense comigo: vivemos esperando coisas boas a cada dia. Fazemos planos futuros, almejamos melhorias pra nós e pra quem gostamos. Lutamos arduamente contra as inconstâncias da vida dia após dia. Aí, desapontamo-nos quando percebemos que tudo aquilo que esperávamos não chegou a ser nem um terço. Ou quando nosso imaginário fértil idealiza as coisas/pessoas/situações conforme nosso subconsciente clama e, quando chega a hora: outra decepção. Seja lá como for, em que contexto for, se com pessoas, ou crenças, situações cotidianas... Viver sem expectativas é melhor. Tu simplesmente não limitas a uma decepção nem a uma euforia. Deixas que as coisas aconteçam com naturalidade, casuais.  Simplesmente o “deixar rolar”.  É menos um peso nos ombros pra levarmos adiante. Nada se tornará frustrante. E o mais positivo disso: quando acontece naturalmente é ainda mais gostoso, inesperado, misterioso, sob descoberta constante. Ora, mil vezes viver em liberdade a me prender a expectativas.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Correr sob o vento ao som da música mais amena e sentir o frio na pele. Meu pensamento está distante, mas ainda consigo ver no horizonte a imensidão de um mundo tão vívido quanto a minha sensação de liberdade. Foram bons esses minutos comigo mesma. Pude viajar ao longe, sem sair do lugar e sem perder os sentidos. Mas, nesses turbilhões de lembranças, pensamentos, autocríticas, qualquer coisas assim que invade o meu pensar, percebo que estou me distanciando aos poucos. Não no sentido de “distância” como longe, para sempre ou não quero mais. Mas, distância de proteção, observar ao longe, sem interferir. De estar presente quando chamares, embora não queira deixar minha face exposta para que isto não resulte em algo comum demais, rotineiro e habitual. Lógico, sinto falta da mesma forma que te sinto próximo também. Sei que quando abro margens para seguires, tu não irá tão longe. E se fores, saberás o caminho de volta. Porque, como qualquer porto seguro, estaremos ambos no mesmo lugar. Estávamos certos quando decidimos seguir em frente prevendo o que decidiríamos. Nossas atitudes revelam nossos quereres ocultos, que mesmo não tão ocultos assim, precisam estar seguros. Pra nós mesmos. Se falarmos, talvez possamos nos precipitar. Mas, embora sem palavras, falamos. E é sincero. No toque, no tom da voz, no olhar, na busca, no beijo, no cheiro, no abraçom, em uma frase qualquer dita sem intenção, apenas dizer nas entrelinhas: eu não me esqueço de você. Encontramos-nos assim. Ao acaso. Enfim, passou do horário. Só queria escrever mais um pouco sobre tudo isso, pois é o que me faz bem, agora.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Nestas horas em que o álcool predomina, parece que uma porção exorbitante de coragem também faz parte do nosso ser. Revela-se. Indiscutivelmente, peguei o telefone prestes a te ligar. Não sabia, exatamente, se era pra falar qualquer coisa assim, sem interesse ou apenas para ouvir o tom da tua voz com qualquer frase fajuta e sem sentido, tendo em vista que meu senso de compreensão está perturbado. Talvez ambos: falar e ouvir você. Parte de mim oculta clamava tua proximidade, fosse ela em voz, suspiro, cheiro, gosto, como fosse. Pois, parte de mim nega a possibilidade de querer admitir que te quer (e muito) em sua totalidade. E a outra parte, frente a possibilidades, tenta gritar aos ventos que quer ou o que suspeita ou o que se sente ou o que se almeja. Quando se sente que algo já é, antes mesmo de ser, é porque justamente está sendo. Não que precise de uma justificativa pra existir. Um por que disfarçado de desculpa. Mas porque foi traçado para ser sem que pudéssemos nos posicionar contra ou a favor, pois o gostar é assim: não se planeja.Quando gosto, não significa que eu amo ou que apaixonei. Gosto porque gosto. Porque quero por perto. Porque faz bem. Porque entre um milhões se destaca e superam quaisquer outros milhões. Gostar de sentir. De adorar. Fazer parte junto com o que se gosta, compondo algo singular, único e sólido. Algo concreto e palpável. Tão real que possamos afirmar: está aqui.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Inconstante

Tenho andado em frente com um pouco de paz e uma pitada de desequilíbrio, porque nem tudo deve ser bitolado a uma linha reta entre dois extremos. De um lado algumas decepções: pessoas cujas faces ocultavam ares de mistério, mas, quando me mantive imersa em suas vidas, revelaram-se reflexos de qualquer coisa comum, sem interesse e propriedade. Pessoas vazias de amor, calor, desejo. Não acresciam vivências ou conhecimento de vida que pudessem ser valorizados ou que influenciassem o suficiente a ponto de interferir em qualquer posicionamento meu. Necessito de olhares que não sejam retratados por meus olhos e cicatrizes alheias que sejam produtos de experiências que os auxiliaram a crescer e não apenas permanecerem estático. Sou inconstante. Significa que não tenho paradeiro, embora tenha minhas próprias convicções.
Não entendo os relacionamentos humanos e esta complexidade toda já problematizou tantas questões que hoje em dia não arrisco tentar desvendar o que há por trás de todos os atores envolvidos neste processo. Hoje, mais precisamente agora, não me sinto suficientemente apita pra decidir que rumo tomar. Algumas coisas ditas nas entrelinhas permaneceram, mas outras, visíveis e indiretas, fantasiam e incomodam. As pessoas não são concretas cujos pensamentos possam ser palpáveis e, então, consigamos sentir com o tato toda e qualquer irregularidade, que sob o toque, o contato direto e o calor, possam ser recuperados.
Audíveis são suas frases, perfeitamente esplanadas ao som e tom singular de tua voz que insulta meus ouvidos, prazerosamente. O que aflige o coração de alguém é o que não pode ser audível. Concordo quando citamos entrelinhas e subtendemos inúmeros dos pensamentos, mas confesso: poderão existir ásperas interpretações, ambigüidades nas coisas ditas e uma série de outras coisas mais dificultariam esse processo todo.
Veja bem, agora sem rodeios: não quero dificultar nada. A transparência é necessária. Algumas coisas sim não precisam ser ditas, mas precisam ser esclarecidas. De certa forma, nesses nossos vai-e-vem algumas coisas estão sombrias. Isso é mesmo necessário? Às vezes penso que estás evitando este tipo de conversa. Esquivando-se, talvez. Que seja! Tudo bem. Neste meio tempo posso ao menos escrever em tom de desabafo e tocar a vida adiante entrelaçando todas as demais coisas boas que eu posso ter pra mim.