Optei por fugir das inverdades que a mente estimula quando
está machucada. Inverdades refletidas nas inúmeras interpretações das coisas
que acontecem no cotidiano, divulgadas a quem quer ver. E, infelizmente, o
cérebro humano é tão feroz que sempre vai optar pelas inverdades mais doídas,
porque, não sei explicar como, mas ele junta um e um e acaba sempre enxergando um
três. E tem como fugir disso? Digo fugir, porque se eu encarar talvez acabe
enlouquecendo. E me
dirias o quê se eu ficasse? E farias o quê para eu permanecer? O que tu pensas ser o nosso amor, agora, que metade foi “embora”, e só a dor restou? Não penso
assim, na verdade. Mas a Dor. Se a sentimos é porque ainda algo se mantém vivo. Não é? E eu sinto dor em nós. Pela distância, ausência, carência e as infindáveis
questões que todo dia falamos e não fazemos absolutamente nada pra mudar. Pra
tocar em frente e minimizá-la. Nossos atos, contraditórios, explicitam bem. Estamos
armados. E, ao nos aproximarmos, ninguém baixa a guarda. E tudo é motivo pra
questionar, pra pressionar, pra desconfiar. Eu escrevo aqui, pois não há como
chegar a ti e abrir o coração com tudo que se sente. E comigo, você não mais fará isso. Primeiro, pois nenhum de
nós sabe ouvir sem que faça algum juízo, comumente, da maneira pior que existe;
segundo, não temos mais esse espaço. Razão: não se vê mais nos nossos atos. Eu
te sinto bem, e você afirma isso sempre. Por que, então, eu ficaria? Eu não encontrei
meu conforto ainda, como você. Não consegui sorrir ainda, como você. Não consegui
me libertar ainda, como você. Não
consegui, seguir, ainda, como você. Podes me ensinar como se desamarrar, assim, como você fez?
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