As vozes delas estavam tornando-se um emaranhado de palavras
vazias para minha mente que estava em qualquer outro lugar, menos ali. Não é a
presença delas que esta em discussão aqui. E sim uma fuga, que não sei bem do
quê era, mas eu a buscava. Ainda que fosse por meus próprios pensamentos. Pus minha
mão vidro a fora, com a velocidade alta que eu conduzia o carro e o vento batia
firme e frio. Foi quando me senti viva. A cada espasmo na mão. A cada pisada no
acelerador que acelerava o carro e impulsionava a força do vento que encostava minhas
mãos: o frio, a dor, o invisível, o tato, a percepção do intocável, mas
existente. Eu o sentia. A mesma mão que afagava a mão dela, ao lado. Foram as
palavras delas que afetou algo em mim. Assim como meu silêncio incomodou a
elas. Desloquei seus dizeres a outros contextos, que não àqueles a que estavam
sendo ditos. E desvelei coisas em mim, contextos meus, em outros tempos. Cavei
na profundeza das minhas memórias o que não eu quis mexer por um tempo. Não
consegui resolver, quando deveria. Coisas reservadas, invisíveis e intocáveis, que
eu sentia. Assim como o vento. A maior perplexidade dessa história é que eu não sei
com exatidão o que é que está havendo comigo.
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