terça-feira, 22 de outubro de 2013

Tens amado?

 “Como tens amado ultimamente?”, perguntaram-me assim, esta frase sem nexo. Não respondi.  Indaguei, então: “o que quer dizer com isso?”.  E respondeu: “Amado, oras? Tens amado?”. Falar de amor a este ser que vos escreve é o mesmo que transcender à razão que hoje inunda minhas entranhas e meu pensamento e, deste ponto, ir para de encontro a ti, visto a emoção que a palavra “amor” transmite. Amar e razão, nem sempre andam juntas. Ainda mais um “amor” vindo de quem vem: meu, meu amor. Pensei... Longos segundos, e respondi: “Tenho escrito, mas não tenho leitores. Meu leitor se despediu, há tempos. Tenho pensado, desde então. Na tentativa de organizar o que sinto. O que penso. Tem funcionado. Mas acho que isso não vale como ‘amor’. E eu também tenho estado com outros. Eles me mostram sorrisos e eu lhes devolvo os meus, tímidos. Eles me estimulam a fala, para que eu não esconda mais na escrita esta minha forma de amar. Eles, meus amores. Família. Amigos. Meus bichos. Meu trabalho”. Eu me fiz clara, pois. Amar é isto mesmo: enxergar ao redor, se agarrar no que tem, e com as forças que existem fazer externar uma alegria de algum lugar qualquer [e que pouco importa de onde venha], mas enxergar felicidade por estar bem ali, com aqueles que te amam e que tu ama também.  Amar sem culpa. A culpa existe se tu não amares ou quiser deixar pra depois. Se assim for, quem vai ser tua companhia, amanhã ou depois, não vai ser quem tu amas, mas sim a culpa, por não amá-los por completo. Na totalidade que “amar” exige. E, pior será: se a vida te cavar uma peça daquelas que te arranca tudo. Até o amor. Aí, então respondi: “Tenho amado, pois vivo. Deixei de ser uma simples existência. Passei a me amar também”.  E bem no fundinho, eu sei: nos dias de ausência, teu refúgio está nas leituras disponíveis. Versos que escrevi a ti, sobre um ‘nós’. E esta tem sido a tua única maneira de amar, também. 

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