“Como tens amado
ultimamente?”, perguntaram-me assim, esta frase sem nexo. Não respondi. Indaguei, então: “o que quer dizer com isso?”.
E respondeu: “Amado, oras? Tens amado?”.
Falar de amor a este ser que vos escreve é o mesmo que transcender à razão que
hoje inunda minhas entranhas e meu pensamento e, deste ponto, ir para de
encontro a ti, visto a emoção que a palavra “amor” transmite. Amar e razão, nem
sempre andam juntas. Ainda mais um “amor” vindo de quem vem: meu, meu amor.
Pensei... Longos segundos, e respondi: “Tenho escrito, mas não tenho leitores.
Meu leitor se despediu, há tempos. Tenho pensado, desde então. Na tentativa de
organizar o que sinto. O que penso. Tem funcionado. Mas acho que isso não vale
como ‘amor’. E eu também tenho estado com outros. Eles me mostram sorrisos e
eu lhes devolvo os meus, tímidos. Eles me estimulam a fala, para que eu não
esconda mais na escrita esta minha forma de amar. Eles, meus amores. Família.
Amigos. Meus bichos. Meu trabalho”. Eu me fiz clara, pois. Amar é isto mesmo:
enxergar ao redor, se agarrar no que tem, e com as forças que existem fazer
externar uma alegria de algum lugar qualquer [e que pouco importa de onde venha], mas
enxergar felicidade por estar bem ali, com aqueles que te amam e que tu ama
também. Amar sem culpa. A culpa existe
se tu não amares ou quiser deixar pra depois. Se assim for, quem vai ser tua companhia, amanhã ou depois, não vai ser quem tu amas, mas sim a culpa, por não amá-los por completo. Na
totalidade que “amar” exige. E, pior será: se a vida te cavar uma peça daquelas
que te arranca tudo. Até o amor. Aí, então respondi: “Tenho amado, pois vivo.
Deixei de ser uma simples existência. Passei a me amar também”. E bem no fundinho, eu sei: nos dias de
ausência, teu refúgio está nas leituras disponíveis. Versos que escrevi a ti,
sobre um ‘nós’. E esta
tem sido a tua única maneira de amar, também.
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