domingo, 5 de maio de 2013
Estranhes
Havia, nas mensagens dela,
palavras habituais que já não eram citadas no mesmo contexto. O estranho não
está no fato delas não estarem mais ali, mas por não terem sido substituídas
por outras. Eu, após dois (ou quatro, ou dez) relacionamentos conturbados, acreditava
que sabia – mesmo se houvesse alguma venda em meus olhos, prever que algo
estava errado. Disse algo a mais: – “Talvez eu saia daqui a pouco, uma cerveja
com os amigos, quem sabe?!”. Lógico, havia uma pitada de indecisão que não era
proposital, mas eu queria dela uma palavra que me trouxesse tranquilidade.
Aprovação, afinal, eu só queria sair um pouco àquela noite. O sair, beber e
amigos não significam o mesmo que não voltar pra casa, ficar “trêbado” e trair
você com qualquer um. E, mesmo depois de todos os nossos rodeios para, enfim,
chegar a lugar nenhum, isso sempre esteve claro pra nós. Nós sabíamos disso,
pois zelamos pelo respeito, confiança e sinceridade que existe em nossa
relação. Ao fim de tudo, ainda não sabemos, o que causou essa estranhes nas
palavras (não) ditas, nessa nossa conversação com um tom desconfortante e essa
distância passageira e boba que parece existir entre nós, agora. Ao menos, há
certeza de duas coisas, de minha parte: eu sinto algo excessivamente forte, por
ela; segundo, embora todos os relacionamentos conflitantes, eu me zerei para te
aceitar como minha e me tornei um aprendiz dependente de como você, à sua
maneira, nos conduz. À parte do que está dito, uma incógnita: após
tempos sem conseguir exteriorizar em palavras o que penso e sinto, porque só
agora obtive essa proeza?
Assinar:
Postagens (Atom)