sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Paradoxo

Querer estar só e desejar, enlouquecidamente, alguém por perto. A única especificidade é que esse alguém, eu sei de quem se trata. Entro nessa paranoia de controle para não te ligar, pra ver se aprendo lidar com isso sozinha, sob a desculpa (ou preciso aceitar) que você não vai estar disponível pra mim o tempo todo. Eu me coloco disponível o tempo todo pra ti? Chorei, e não soube dizer pra mim por que o fiz. Quem sabe, então, a verdade é que eu estivesse esperando que tu me procurasses, e com minha resposta “não passei muito bem” a tua pergunta “como foi teu dia”, pudesse abrir uma brecha pra conversarmos sobre como me sinto, e nem sei por onde começar. Eu não quero estar só! Do mesmo modo que não quero correr pra ti, parecendo frágil e despedaçada. Agora sei que todas as postagens nas redes sociais, na verdade são pedidos de socorro. Ninguém consegue lidar sozinho consigo mesmo. Estar só é um convite a todos os medos que te assolam e que você despista durante o dia, envolvido com outras coisas. Quando coloca teus fones e tem a companhia de uma música boa, que te acalma, embora também provoque algumas coisas aí dentro. A bebida, tua companhia e tua analgesia. E teu corpo te inclina a escolher as canções mais tristes, como imãs para esse teu mal-estar: que saia ao som da música para qualquer outro lugar, não importa, desde que não mais aí dentro. Deixe esse corpo se tornar vazio outra vez. Vazio de coisas tristes. [Originalmente escrito em 09 de julho de 2016].