As vozes delas estavam tornando-se um emaranhado de palavras
vazias para minha mente que estava em qualquer outro lugar, menos ali. Não é a
presença delas que esta em discussão aqui. E sim uma fuga, que não sei bem do
quê era, mas eu a buscava. Ainda que fosse por meus próprios pensamentos. Pus minha
mão vidro a fora, com a velocidade alta que eu conduzia o carro e o vento batia
firme e frio. Foi quando me senti viva. A cada espasmo na mão. A cada pisada no
acelerador que acelerava o carro e impulsionava a força do vento que encostava minhas
mãos: o frio, a dor, o invisível, o tato, a percepção do intocável, mas
existente. Eu o sentia. A mesma mão que afagava a mão dela, ao lado. Foram as
palavras delas que afetou algo em mim. Assim como meu silêncio incomodou a
elas. Desloquei seus dizeres a outros contextos, que não àqueles a que estavam
sendo ditos. E desvelei coisas em mim, contextos meus, em outros tempos. Cavei
na profundeza das minhas memórias o que não eu quis mexer por um tempo. Não
consegui resolver, quando deveria. Coisas reservadas, invisíveis e intocáveis, que
eu sentia. Assim como o vento. A maior perplexidade dessa história é que eu não sei
com exatidão o que é que está havendo comigo.
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Lembranças
Carpinejar (sempre você), disse: "Infelizmente, a saudade apodrece. Quando deixamos de pedir a presença para cobrar a ausência. É sutil o movimento. Toda a atenção dedicada ao longo de um período começa a ser vista como desperdício. Não aconteceu retorno das juras, nem o estorno das expectativas (...)". É! Todos os dias é um vai e vem. Nem um rosto se repete. Exceto aqueles fieis, que nunca arredaram o pé do seu lado. Não é uma palavra de incentivo que o conforta, apenas. Mas, quem sabe (e eu acredito nisso) o afeto após uma queda tenha muito mais a ver com lealdade. E juras vem de tudo quanto é lado. Questionar sua legitimidade e intencionalidade, pois, também faz parte da vida, que requer um pouquinho de temperança. Mas, como não caminhar recuando, se avançar é lembrar? Ainda não aprendi.
"Quando você chorou eu enxuguei todas as suas lágrimas. Quando você gritou eu lutei contra todos os seus medos. Eu segurei a sua mão por todos esses anos. Mas você ainda tem tudo de mim. Você costumava me cativar pela sua luz ressonante. Agora eu estou limitada pela vida que você deixou para trás. Seu rosto assombra meus únicos sonhos agradáveis. Sua voz expulsou toda a sanidade em mim". Amy Lee.
"Quando você chorou eu enxuguei todas as suas lágrimas. Quando você gritou eu lutei contra todos os seus medos. Eu segurei a sua mão por todos esses anos. Mas você ainda tem tudo de mim. Você costumava me cativar pela sua luz ressonante. Agora eu estou limitada pela vida que você deixou para trás. Seu rosto assombra meus únicos sonhos agradáveis. Sua voz expulsou toda a sanidade em mim". Amy Lee.
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Reflexão
A leitura da noite "Me ajude a Chorar", Fabrício Carpinejar.
"Somos o que ficamos depois de sofrer. Porque na dor encontramos uma honestidade que não há em nenhum outro sentimento. Porque na dor encontramos uma urgência que não há em nenhum outro lugar. Porque na dor encontramos uma autenticidade que não há em nenhum conselho. Ninguém usará disfarces, adiamentos, mentiras quando sofre. É quando nos conhecemos, nos aceitamos e passamos a amar as pequenas gentilezas e descobertas." Fico refletindo, por várias vezes, sobre essas questões e, confesso que não sei até que ponto é possível a humanidade transcender à dor, a ponto de enxergar na vida seu caráter autopoiético. De se produzir-se e tecer-se enquanto vida. De não necessitar da dor para compreender certas coisas de vida. Toda vida tem sua dor, mas nem toda dor produz vida.
"Se é a negação que se descobre de verdade, o que te sobra além das coisas casuais?"
"Somos o que ficamos depois de sofrer. Porque na dor encontramos uma honestidade que não há em nenhum outro sentimento. Porque na dor encontramos uma urgência que não há em nenhum outro lugar. Porque na dor encontramos uma autenticidade que não há em nenhum conselho. Ninguém usará disfarces, adiamentos, mentiras quando sofre. É quando nos conhecemos, nos aceitamos e passamos a amar as pequenas gentilezas e descobertas." Fico refletindo, por várias vezes, sobre essas questões e, confesso que não sei até que ponto é possível a humanidade transcender à dor, a ponto de enxergar na vida seu caráter autopoiético. De se produzir-se e tecer-se enquanto vida. De não necessitar da dor para compreender certas coisas de vida. Toda vida tem sua dor, mas nem toda dor produz vida.
"Se é a negação que se descobre de verdade, o que te sobra além das coisas casuais?"
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