quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Escutatória

Tenho escutado mais ao invés de falar. Quem sabe seja isso que eu precise aprimorar. Aos sons das palavras alheias, sinto respingo de algumas minhas. Ou talvez encontro sentido pras coisas que não sei expressar. Às vezes me surpreendo com o outro: ele é mais semelhante do que eu imaginei ser. Choram, gritam, falam, pensam, sentem. Tudo a sua maneira. Passam pelo tempo. Possuem uma vida. Parece tudo igual. O que muda é a forma como as coisas acontecem. Antecedem escolhas. Acredito que as pessoas deveriam desenvolver a escuta. Quando conversamos algo, contando qualquer fato, o tom comparativo da dor sempre está presente. Representa que a nossa dor é mais dolorosa que a dor do próximo. E de certa forma é. Ela é nossa. Mas enfim, dor, amor, error. Tudo isso faz parte de um cosmo influenciado por escolhas e atitudes mútuas onde cada um é responsável por si e mais ninguém. Porque ninguém possui ninguém. E quanto ao tempo, sempre será o tempo passado no tempo presente. Uma vez me falaram que o tempo é o senhor de tudo. E é por sinal. É quem desgasta as coisas, antes mesmo delas acontecerem. É quem faz com que as pessoas percam para sempre seus sentidos, e quando novamente nos falarmos ‘oi’, não terá mais tanta emoção quanto um dia existiu, porque nossa emoção foi consumida por ele: o tempo. Com o tempo, pessoas cruzarão nosso caminho assim como os dias de chuva: você sabe que existirão dias chuvosos, mas não sabe quando, nem como e nem por quanto tempo serão estes dias. Eu esperei que o tempo levasse pra longe todas as minhas desilusões e trouxesse consigo esperança. O tempo passou e ainda vivencio as mesmas desilusões e com o pouco que tinha de esperança escapando por entre os dedos.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

"Disseram-me que as nossas vidas não valem grande coisa, elas passam em instantes como murcham as rosas. Disseram-me que o tempo que desliza é um bastardo, que das nossas tristezas ele faz suas cobertas. Disseram-me que o destino debocha de nós. Que não nos dá nada e nos promete tudo, faz parecer que a felicidade está ao alcance das mãos, então a gente estende a mão e se descobre louco. No entanto alguém me disse... Mas quem me disse que você sempre me amou? Eu não recordo mais, já era tarde da noite, eu ainda ouço a voz, mas eu não vejo mais seus traços: 'ele ama você, isso é segredo, não diga a ele que eu disse a você'". (...)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Contradição

E como tudo na vida só faz sentido com o tempo, todo o esforço se fez desnecessário. Não havia uma prova concreta, um motivo real ou qualquer coisa que tomasse aquelas vidas pelas mãos. O buraco aumentava a cada dia, enquanto um buscava, o outro se escondia. Enquanto os dois fugiam, procurando, se perdiam. E isso aconteceu por muito tempo, em muitas vidas. As histórias se diferem e se repetem. Enquanto acordados, parecia pesadelo, e se dormiam, o sonho era real. Como enteder os caminhos tortos que a vida propoem a nós? Cabe a cada um aceitar essa sorte - ou azar. Tem gente que vê beleza em tudo, mas algumas pessoas não conseguem enxergar nada além da tristeza. Ainda que na opinião de outros a tristeza esteja cheia de beleza, o mundo é composto de vários olhares. Gosto, particularmente, de um olhar. Um olhar fixo, vago. Gosto dos olhos grandes, claros. Mas nossa vontade nem sempre é respeitada. O mundo todo deseja a paz, mas até chegar lá, tem muita guerra pela frente. Hoje, espero em paz. E que venha o que tiver que vir, que seja como deve ser. um dia, depois de um tempo insistindo no mesmo erro, a gente percebe mesmo como é desncessário lutar contra certas coisas. E perceber isso não é desistir, é deixar de sofrer. (Desconhecido)

sábado, 24 de setembro de 2011

Quem sabe


Eu me apeguei demais ao que eu achava ser sincero. Gostaria de conversar. Especificamente com “alguém”.  Ando, ultimamente, bipolar. Um pouco estou com o humor nas alturas. Extravaso-o. Aí tu vens ao meu pensamento e então desando. Às vezes acredito em tudo, e revolto. Às vezes não acredito em nada, aí, conflito-me. Sinto falta de ti enquanto pessoa. Enquanto companhia. Enquanto companheira, talvez. Não enquanto parte de mim. Entendes? Não perdi apenas um amor, mas perdi alguém a quem me fazia bem. Embora tenha seus “poréns”. Por que te afastaste assim? Ainda sinto o frio na barriga quando passo por ti. Não sei se me notas, não sei se pensas em mim ou prefere falar algum assunto qualquer pra desviar esse segundo de lembrança que te veio, naquele instante. Não sei. Mas gostaria que um dia voltasses. Convida-me pra sair e rir um pouco do que passamos. Tomar um café, talvez, e perguntar o que eu tenho feito, se estou bem. Já se passou tanto tempo. Pelo menos representa muito. Quem sabe, um dia, assim, a lembrança prevaleça em nós.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Podia esperar de qualquer um essa fuga, esse fechamento. mas não de você, se sempre foram de ternura nossos encontros e mesmo nossos desencontros não pesavam, e se lúcidos nos reconhecíamos precários, carentes, incompletos. meras tentativas, nós. mas doces. por que então assim tão de repente e duro, por que?
“Eu te amei muito. Nunca disse, como você também não disse, mas acho que você soube. Pena que as grandes e as cucas confusas não saibam amar. Pena também que a gente se envergonhe de dizer, a gente não devia ter vergonha do que é bonito. Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso. Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.” Caio F. Abreu

segunda-feira, 19 de setembro de 2011


Que lindos sonhos eu tenho feito. Eu sonho contigo toda noite. E que estamos bem. Tamanha contradição agora que não estamos mais. Juntos. Sempre sonhava coisas ruins. A tão temida separação. Isso quando ainda éramos um só. Agora entendo quando dizem que os sonhos são receios ou desejos ocultos do nosso subconsciente. Como eu temia te perder assim, do nada. Como eu desejo que essa onda ruim termine e leve embora todas as dores e pra ficarmos. Bem. Leio os versos que escrevi quando quis permanecer em tua vida. Todos eles tão intensos. Tão cheios de ti em mim. Hoje vejo que não resta mais nada. Até a esperança já morreu. Eu ainda tenho algumas coisas pra falar. Perguntar. E gostaria muito se tu me permitisses aproximar. Mas não quero esse teu rancor extravase e leve minha ingenuidade embora, fazendo-me ficar com rancor também. Eu tenho um coração enorme, com lugar pra mais um e um pouco mais. Menos pra coisas ruins. Então descarto qualquer aproximação enquanto ainda houver marcas ruins aí dentro. Eu estou bem por saber que estás bem. Por saber que te aproximou de coisas que te fazem bem. Eu não te quero mais, não quero que sejas minha. Sejas de outro, mas sejas feliz.

domingo, 18 de setembro de 2011

Dor ou nada?

Não quero defender as relações falidas e que só fazem mal, nem estou sugerindo que as pessoas insistam em sentimentos que não são correspondidos, em relacionamentos que não são recíprocos, mas quero reafirmar a minha crença sobre o quanto considero válida a coragem de recomeçar, ainda que seja a mesma relação, a coragem de continuar acreditando, sobretudo porque a dor faz parte do amor, da vida, de qualquer processo de crescimento e evolução. Pelos comentários que ouço, pelas atitudes que vejo, pela quantidade de pessoas depressivas que perambulam ocas pelo mundo, parece que temos escolhido muito mais vezes o “nada” do que a “dor”. Quando você se perguntar “Do que adianta amar, tentar, entregar-se, dar o melhor de mim, se depois vem a dor da separação, do abandono, da ingratidão?”, pense nisso: então você prefere a segurança fria e vazia das relações rasas? Então você prefere a vida sem intensidade, os passos sem a busca, os dias sem um desejo de amor? Você prefere o nada, simplesmente para não doer? Não quero dizer que a dor seja fácil, mas pelo amor de Deus, que me venha a dor impagável do aprendizado que é viver!! Que me venha a dor inevitável à qual as tentativas nos remetem. Que me venha logo, sempre e intensa, a dor do amor… Prefiro o escuro da noite, a nunca ter extasiado o brilho da lua. Prefiro o frio da chuva, a nunca ter sentido o cheiro da terra molhada. Prefiro o recolhimento cinza e solitário do inverno, a nunca ter me sentido inebriada pela magia acolhedora do outono, encantada pela alegria colorida da primavera e seduzida pelo calor provocante do verão. E nesta exata medida, prefiro a tristeza da partida, a nunca ter me esparramado num abraço. Prefiro o amargo do “não”, a nunca ter tido coragem de sair da dúvida. Prefiro o eco ensurdecedor da saudade, a nunca ter provado o impulso de um beijo forte e apaixonado, daqueles que recolocam todos os nossos hormônios no lugar. Prefiro a angústia do erro, a nunca ter arriscado. Prefiro a decepção da ingratidão, a nunca ter aberto meu coração. Prefiro o medo de não ter meu amor correspondido, a nunca ter amado ensandecidamente. Prefiro a certeza desesperadora da morte, a nunca ter tido a audácia de viver com toda a minha alma, com todo o meu coração, com tudo o que me for possível.
Enfim, prefiro a dor, mil vezes a dor, do que o nada… Não há, de fato, nada mais terrível e verdadeiramente doloroso do que a negação de todas as possibilidades que antecedem o “nada”. E já que a dor é o preço que se paga pela chance espetacular de existir, desejo que você ouse, que você pare de se defender o tempo todo e ame, dê o seu melhor, faça tudo o que estiver ao seu alcance, e quando achar que não dá mais, que não pode mais, respire fundo e começe tudo outra vez, porque você pode desistir de um caminho que não seja bom, mas nunca de caminhar… Pode desistir de uma maneira equivocada de agir, mas nunca de ser você mesmo… Pode desistir de um jeito falido de se relacionar, mas nunca de abrir seu coração… Portanto, que venha o silêncio visceral que deixa cicatrizes em meu peito depois das desilusões e dos desencontros… Mas que eu nunca, jamais, deixe de acreditar que daqui a pouco, depois de refeita e ainda mais predisposta a acertar, vou viver de novo, vou doer de novo e sobretudo, vou amar mais uma vez.

Despreze

(...) as suas infantilidades, as descobertas maldosas, as lamúrias constantes, os passos errados, os caminhos inacabados, as desistências sem por quês, as pessoas intrusas, os sorrisos forçados, os desiguais, os amores pela metade, as palavras amargas, as palavras não ditas em tempo hábil, os rancores, as lágrimas por tristeza, a raiva contida, os dias tediosos, as tardes vazias, a demora do tempo em ir e vir, o silêncio ensurdecedor, as caminhadas sem rumo, os dizeres não aprendidos, os conselhos não seguidos, as quedas do andar de cima, o tempo que não voltará, o choro engolido, a escolha não feita, os dias longos, os sonhos quebrados, as pessoas levadas, as vontades desfeitas, os desejos reprimidos, as mentiras mal contadas, as verdades que arderam no peito, o recomeço forçado, as fugas descobertas, as aflições, os medos, os receios, as distâncias, as saudades, as ocultações, todas as coisas que você cisma em guardar pra ti... apenas faça seu coração parar de chorar.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Término


Eu falava sobre ela. (Já estava virando clichê). Naquele instante, como em uma cena de filmes dramáticos, ela passou do outro lado da rua. De mãos dadas com ele. Perdi a voz no mesmo instante. Desabei. Tão horrível era não ter imaginado a dimensão do que o nosso relacionamento estava sendo pra ti. Mais que isso, saber que agora estás com outro. Assim, tão rapidamente. A pior das dores que se pode sentir, tu acabaste de me fazer senti-la. Outra vez. Mas era o que eu precisava: um choque de realidade. Pra aceitar de vez o fato que não existe mais nós dois. Revivi nossa história através das minhas palavras em textos destinados a ti. Que saudade imensa. Sinto tu ter revelado ser algo que eu jamais imaginei. Talvez tu fosses mesmo apenas uma projeção do que eu queria pra mim. Agora, fragilizada, eu quero minha liberdade. Nem que eu precise mover céus e terra, mas serás passado, sim. Não desejo mal nenhum. Apenas que pare de brincar com os corações. Com o meu. Com o dele. Nenhum de nós merece isso. E eu juro que nunca mais pensarei em teu nome quando falar de amor.

"O amor que você quer, fará seu coração se sentir frio. Você pensa que o tem, mas tudo o que você tem é um buraco dentro do seu coração. A verdade está aí para ser dita. Então tente parar. Pare de partir corações. Pare de machucar almas. Isso só vai te machucar".

Sábado, 14 de agosto de 2010

Café frio
Não leve a mal esse medo exorbitante que eu sinto em te perder sem que haja um por que real para justificar esse incômodo. E nesses passos trocados que às vezes embaralho nosso dia, sei que alguns arranhões eu faço em ti, sem intenção, e me considero a pior das pessoas do mundo ao perceber que excesso de amor também pode machucar. Vejo meu reflexo em ti a cada atitude minha. Tuas reações são as mesmas que eu teria se estivéssemos em papéis contrários. Perdoa-me por pecar pelo excesso, mas entenda que é incontrolável sentir medo de te perder. É torturante, pra mim, estar a pensar nisso e, como se não bastasse esse pensamento, eu deixo transparecer pra ti esse meu medo, te torturando da mesma forma. Não largue minha mão, mesmo que minha revolta com o mundo externo esteja no auge em qualquer dia. Não deixe de sorrir pra mim, nem que a pior das fases permaneça junto a nós, porque é do teu sorriso que eu obtenho minhas esperanças. E, a mais importante de todas as coisas que deves saber: jamais deixe de acreditar no meu amor, na minha dedicação a ti, em querer te fazer a pessoa mais feliz do mundo.

"Às vezes eu tenho medo quando você vai.
Às vezes eu tenho medo quando você chega em casa
Debaixo de tudo...
Acho que estou com medo, quando não há nada errado".
Cyndi Lauper - Fearless

Segunda-feira, 19 de julho de 2010

Aos meus amores
(...) Pra ti meu outro amor, quero te dizer que eu adoro o toque dos teus lábios nos meus. Adoro teu sorriso cativante, teus olhos olhando para mim. Teu cheiro. Gosto do tom da tua voz, das palavras que dizes secretamente a mim. Eu necessito de ti para viver. E quando faltarem palavras para eu te dizer o quanto eu preciso de ti, basta apenas te olhar fundo dos olhos e você entenderá: eu não sei mais viver sem ter você comigo. Eu não sabia o quão bom é sentir-se completa, até eu encontrar você. Tu me fazes querer mais um pouco mais de tudo. Desperta o que há de melhor em mim, somente pra ti. E se tudo isso é “culpa” do nosso amor, ahhhhh meu bem, então eu espero morrer com todas as “culpas” possíveis que o nosso amor desperta.

Segunda-feira, 10 de maio de 2010

E o que virá, será
Queria falar dessa mutação. Dessa mudança de “eu-mais-eu” para “eu-mais-você” e que hoje estou moldada neste sentido, sem que haja, em qualquer hipótese, possibilidade de regressão: eu voltar a ser “eu-mais-eu”. Não é tão confuso quanto parece. Apenas interprete desta forma simples: já não sei viver, se não com você por perto. Não é exagerado demais, tampouco precipitado. É... apenas como estou me sentido agora. E eu me sinto bem agora. Falo “agora”, não por insinuar que meu passado não foi dos melhores ou prever que nosso futuro será desastroso. Não! Mas falo “agora”, porque eu vivo contigo exatamente nesse segundo. Sem que haja antes ou depois. Sem que algum passado influencie no agora ou o medo do futuro faça-nos sofrer por antecipação. Quero que aprenda a viver comigo assim. Quero que me ensine a viver da tua maneira também. Não tenho por que sentir medo quando estou ao teu lado, não tenho por que não usar o melhor sorriso pra demonstrar que: sim, eu estou feliz. Não tenho por que medir palavras quando vou falar de sentimentos, porque direi o que estarei sentindo, e o que sinto é por ti, apenas. E é por essas e outras que estendo a mão para alcançar a tua, agarrar bem firme até que esteja quente e suada, caminhar rumo ao que tiver de vir, e o que virá será, pois sendo contigo, nada mais importa.

Domingo, 25 de abril de 2010

Imaginar
Imagine o acaso traçando nosso caminho. Imagine o que tu estavas pensando no instante em que eu te vi pela primeira vez. Tu chegou a imaginar que estava roubando um coração naquele momento? (...) Não sei bem o que senti naquele instante, mas sei bem o que sinto cada vez que lembro a dor do tapa na cara que levei com tuas palavras, aí eu soube exatamente o que eu queria e o que eu perderia se enfraquecesse. Puta essa minha teoria, mas, o único lado bom dessa história é que eu me aproximei muito mais de ti, do jeito que eu sempre quis estar. Cruzei por cima de um medo que eu nem sei explicar, da minha própria timidez, e hoje eu sei que posso ser quem eu quiser contigo. Não tenho mais medo de nada. Posso sentir o teu cheiro tão próximo a mim agora e sinto tua falta mesmo sabendo que em alguns instantes estaremos juntos outra vez. Já te disse o quão feliz você me faz? Não consigo imaginar quanto tempo ainda passaremos juntos, mas não suportaria nem ao menos imaginar como seria minha vida se não estivesses comigo agora, ao meu lado. Eu adoro o jeito que você me abraça, eu adoro o jeito que respira aos meus ouvidos. Eu adoro o gosto do teu beijo e adoro sentir o que ele provoca em mim. "Ela pode ser o rosto que eu não consigo esquecer, o caminho para o prazer ou para o desgosto. Pode ser meu tesouro ou o preço que eu tenho que pagar. Ela pode ser a música de verão. Pode ser o frio que o outono traz. Pode ser cem coisas diferentes em um dia".

Sábado, 17 de abril de 2010

Desenhe
Este teu giz colorido já não funciona mais: meus traços permanecem pretos e brancos? Ou tu não me colores mais como queres ou não funciono mais como um quadro receptor para o teu giz. Não quero mais tua cor? Não queres mais a tua cor em mim? Desenha em mim o que quiseres. Cicatriza em minha pele o que desejas ver em mim. Sombreie de preto quando achares que as coisas andam como nuvens negras. Borre quando achares que estava errado e tentou consertar, mas assim como quando amassamos um papel e depois tentamos torná-lo como no princípio, não conseguiremos desfazer os traços deixados, talvez para sempre. Quando as coisas que dizes refletem em um sorriso meu, desenha o que há de mais colorido no maior espaço que conseguires, pois é isso que eu pretendo mostrar a eles: o que há de melhor em mim cultivado por ti (também). Cante aos meus ouvidos, seja a música que for ao tom suave da tua voz, sempre será a melhor das músicas. E desse jeito eu me dôo a você, da forma mais natural, do jeito mais sincero e inocente.
"Eu espero o anoitecer como quem esperasse o que há de mais importante pra si. Eu espero que as horas sigam o compasso das batidas do meu coração, mas ao inverso: quando estiver acelerado demais, que as horas se arrastem. Quando estiverem calmas, ao normal, que as horas passem voando".

Sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Noite
A noite me parece mais fria que o normal, hoje. Talvez tenha caído abruptamente a temperatura do meu corpo no instante que soube que não mais sentiria o gosto dos teus lábios nos meus. Não nos veríamos mais. Foi um dia diferente dos outros. Cansativo, entediante, obscuro. Nada construtivo. Passei por cada hora observando atentamente o rastejar dos ponteiros do relógio até a hora que eu te encontraria. Saberia que toda aquela angústia que me corroia por dentro dissolveria no instante que eu veria teu rosto. Não haveria nada mais dentro de mim. A não ser o desejo gritante, inflável, perverso e insano por ti. Mas, tu não estarias lá, a me olhar. Não estaria esperando por mim. A noite tornava-se mais fria por não estar por perto. Os ponteiros do relógio voltariam a rastejar como nesta tarde junto com o retorno da minha angústia sufocante. Eu teria outra noite entediante, ao lado de um bom livro e um cobertor, e esperaria pacientemente para que pegasse no sono. Isso se a ansiedade que se misturava à minha angustia me deixasse dormir. Por mais que não a visse hoje, meu coração pulsava antecipadamente por amanhã. Apenas essa noite seria fria demais. Amanhã, o aconchego do teu abraço e o calor irradiado do teu beijo me aqueceria outra vez. E eu voltaria a manter meus pés no chão.

Sábado, 20 de fevereiro de 2010

Expressão
“Quando tarda quem amo, meu coração fica exposto e aberto”.
Não sei absolutamente quantos dias compus minha vida sem nenhum amor. Mas sei que depois do primeiro, instintivamente não conseguirei evitar o segundo, o terceiro. Nosso corpo clama por mais, mais e mais. Talvez não fosse amor, mas algum sentimento indecifrável e estupidamente inflável compusera meu coração. Eu ouvi calada alguma coisa, em qualquer tempo. Algumas coisas sobre amor, outras sobre a dor. Enfim, dá no mesmo, não é? Mas falei para quem precisasse ouvir - minhas coisas sobre amor e dor. Escrevi, melhor dizendo. Não percebeste, mas além dos meus lábios expressando meus dizeres, meu corpo falava também. Numa batida mais abrupta do coração quando dizia algo reprimido há tempos ou num olhar desviado, para não admitir que a coragem que eu tinha para encarar teus olhos, mais uma vez, havia se decomposto. Nossos jeitos são singulares. Talvez se entrelacem de alguma forma, talvez não. Tanto faz. Às vezes sentimos como se caminhássemos desencontrados. E acredito que esse seja o ponto chave. Caminhamos pelo mesmo lado inúmeras vezes e sempre acabamos juntos no final. E daqui pra adiante eu já não sei escrever mais. Por que nosso tempo continua daqui pra frente. Sabe-se Deus se caminharemos mais vezes ao desencontro ou se, definitivamente, vamos nos abraçar e segurar com toda força o que vier para nós. Como nômades, sem destino e paradeiro. Como cegos no dia mais claro da semana, ainda assim enxergam o escuro.

Segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Reciprocidade
Uma definição para o que eu penso existir entre a gente: apatia. Ausência de afeto e paixão. Concordas? Não quero desprezar os dias que passamos juntos, tão pouco menosprezar ambas as atribuições de afeto. Não quero definir, absolutamente, o que ocorre entre a gente. Mas não quero, também, não expressar como me sinto. Essa sua negatividade, inexpressão para o que acontece me atormenta. E muito. Delira-me em múltiplos pensamentos, alguns um tanto inconseqüentes, mas que só eu sofrerei com isso. Sofrimento opcional. Eu poderia simplesmente mandar tudo isso pro espaço e aproveitar minha vida monótona que eu tinha antes de te conhecer. Mas confesso, abertamente, eu não quero isso. Não. Não pra mim. E outra: incomoda-me essa sua mania de querer deixar as coisas subentendidas, usar palavras diretas e monossilábicas para responder os textos que te mando, as súplicas indiretas que eu expresso um “continue a falar comigo”, os assuntos absurdos que eu me esforço para não deixar o contato acabar, deixando escapar por entre os dedos a chance que eu tinha de poder mostrar a ti quem eu sou... Não me revolto nem um pouco se me disseres “não quero mais”. Entretanto, me emputeceria ferozmente se me enrolasse, me esnobasse como se fosse um qualquer que tu encontrou na esquina, brincou e jogou fora quando não serviu pra mais nada. Eu sei. Putas essas minhas palavras que soam como reclamações amargas e agressivas. Mas comigo é assim: ou demonstra duma vez que me quer ou me deixa sozinha com minha solidão inofensiva.

Quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Desvendar
Sabe, talvez fosse como se estivesse infringindo alguma regra. Na tentativa de tentar desvendar o que você enxerga talvez o correto não fosse manter os pés no chão. Poderíamos voar ao desconhecido, se me permitisse isso, caminhar por entre as pedras soltas, embaladas ao nosso peso sem medo de cair, pois eu sei que estará bem ao meu lado pra me estender a mão. Nossos passos calados lado a lado incomodam a nós dois. O som dos passos rastejando, implorando para que o silêncio seja quebrado por alguma palavra qualquer. O pulsar do meu coração acelerado que eu te juro, se estivéssemos a sós, você poderia ouvi-lo bater, sem compasso algum. Então eu me oponho a qualquer sentimento de resistência, e permito-me caminhar ao lado teu. Sem aquele medo visível de estar no caminho errado, cegamente, que sempre me persegue, mas com a adrenalina acionando meus movimentos e pulsando meu coração forte, forte, cada vez mais forte, para agir em busca do que o meu desejo grita mais alto: desvendar você.

Terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Palavras
Não sei, exatamente, o que assombra teu coração. Jogo limpo ao especular terceiros e tentar desvendar seu sorriso misterioso e tuas poucas palavras, às vezes vazias demais para dizer algo concreto. Essa minha mania boba de deixar que estranhos tomem conta de mim, me aborrece. Não são estranhos, melhor dizendo. Trata-se de ti. Mesmo assim me aborrece porque eu não sei absolutamente nada sobre você. Te desvendo aos poucos nos míseros segundos de palavras trocadas que desfrutamos juntos. Confesso, então, que me sinto incomodada com alguma delas, estas aos quais me dizem tudo e nada. Com significados múltiplos que entretem meus pensamentos, com ilusões, sarcasmos, esperanças. E eu busco nelas o significado deste teu presente, misterioso pra mim. Pra mim que nunca fiz parte da tua vida, até então. Mas são só palavras, não são?

Quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Interesse
Dois passos ao teu lado em um curto trajeto e aqui estou eu de novo pra falar sobre ti. Este teu interesse desinteressado pela minha pessoa que me agride de uma forma irracional, não me convence de nada. Só me faz criar coisas sem sentido. Reflito sobre cada um dos teus dizeres que soam mais como desculpas, como se quisesses, em outras palavras, dizer "não, muito obrigada". E então indago, querendo tentar programar uma nova atitude que não soe como um insulto. Algo muito forte em mim me prende em você, na expectativa de descobrir o que se passa no teu pensamento. Se em algum fio de tempo ousou pensar em meu nome. Isso é neurótico demais, já que eu não te conheço. É uma obscessão psicopata que só vai terminar quando eu realmente descobrir o que eu preciso, sobre mim. Ou então, ouvir da sua boca o "não" indesejado. E enquanto esse caminho e o tempo se entrelaçam com a gente, eu vivo na oscilação: movimento periódico em que o móvel descreve a trajetória ora num, ora noutro sentido, como é o caso do pêndulo afastado de sua posição de equilíbrio estável e abandonado.

Segunda-feira, 11 de janeiro de 2010.

Descrição
E meu medo é mergulhar fundo nisso. Sem ao menos olhar para os lados e perceber se há algum sinal. Mergulhar nessas profundezas onde o oxigênio é escasso e a pressão te aperta demais o peito. Você sente-se sufocado, mas ao mesmo tempo isso tudo é fascinante. Vicia. Pra mim e pra você. Aquele nosso beijo ardido, que arrepia e se intensifica a cada instante que mantemos nossos lábios unidos pelo calor do nosso corpo que se espalha, atinge o coração como uma chama de fogo, fazendo-o pulsar sem ritmo, desgovernado como se você possuísse todas as sensações ao mesmo tempo. Ele ainda explodirá assim. Eu quero sentir outra vez o olhar fundo dos teus olhos, ouvir o tom suave e afinado da tua voz que parece uma melodia aos meus ouvidos, sentir o cheiro da tua pele perto de mim, esse contato delicioso que eu não consigo descrever. Tocar sua pele macia e contornar teu rosto com meus dedos, como estivesse te desenhando só pra mim. Mas eu gostaria de conseguir caminhar em paz, sem derramar lágrimas sofridas ou começar a congelar meu coração, caso eu descobrisse que não existirá mais nada entre nós.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

No meio da tensão e da corrida que é sempre esta cidade, foi qualquer coisa como um sobre de ar fresco, um gole d’água, qualquer coisa assim. Não é saudade, porque pra mim a vida é dinâmica e nunca lamento o que se perdeu – mas é sem dúvida uma sensação muito clara de que a vida escorre talvez rápido demais e, a cada momento, tudo se perde. (... ) Ficou só aquela vibração de silêncio, muito forte. Numa cidadezinha perdida, dois malditos que se reconhecem nem que seja necessário sequer falar sobre isso. Uma cumplicidade muda e tão secreta que, penso, talvez, que você nunca tenha percebido. Na minha memória – já tão congestionada, e no meu coração – tão cheio de marcas e poços – você ocupa um dois lugares mais bonitos.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011


Amor. Meu grande amor. Não sinta raiva. Eu te entendo agora. Finalmente. Era apenas o tempo que eu deveria respeitar. Tu não querias cultivar a dor, sendo esta maior que o nosso amor. O que estava acontecendo nesses últimos dias. Entendo finalmente o porquê dessa distância. Pra organizarmos nossas vidas e aprimorarmos o que nos faz mal, uma na outra. Pra que, enfim, quando pudéssemos, voltaríamos fortes, e apenas com a saudade de um amor reprimido que não chegou ao fim, mas será reconciliado. O adeus foi pura insegurança. Ou melhor, foi o corte principal pra que não houvesse outra das minhas fraquezas. Apenas amar não seria suficiente pra nós. Precisamos estar com a alma limpa de todas as dores. Eu entendo agora. Mas por favor, por favor, não se afaste tanto. Não se reprima tanto. Não se encolha assim. Renasça, e não negue o meu amor. Use o tempo que for, pois eu estarei exatamente aqui pra quando tiver clareza das coisas. Não tenha vergonha. Farei o mesmo que tu fazes agora: se esconder dentro de um casulo próprio. Não apenas pra não mostrar aos outros as minhas dores. Mas pra aprender com a dor da tua perda. Tome cuidado, por favor. Já que não estarei por perto pra te proteger. Pense em mim, de vez em quando, mas só até o ponto de não doer. Se começar, pare! Não quero que se lembres de mim com dor. Pois eu me lembrarei de ti, com todo amor que ainda existe em mim. E por fim, um dia lá adiante, seja pra uma conversa qualquer, volte, por favor. Diga-me como está, o que tem feito, se está feliz. Ficarei bem em saber como tu está, meu amor. Meu grande amor.